terça-feira, 29 de julho de 2014

Mycoplasmose felina (Hemobartonelose felina)

 Mycoplasmose felina (Hemobartonelose felina)
    
   1. Introdução

    Anteriormente descrito como uma rickettsia, a Hemobartonella felis é classificada atualmente no gênero Mycoplasma e atualmente é designada Mycoplasma haemofelis (Neimark et al., 2001; JUNIOR, 2006). No entanto, a recente sequenciação molecular e dados filogenéticos mostraram que estas espécies apresentam maior semelhança e grau de relação com a família Mycoplasmataceae (ordem Mycoplasmatales), uma relação assente em determinadas características fenotípicas dos micoplasmas, tais como tamanho e genoma reduzidos, crescimento fastidioso e ausência de parede celular (Tasker, 2010; LOPES, 2013).
   A transmissão pode ocorrer através de carrapato ou pulga infectados que, através de picadas, inocularam o microorganismo no animal, infectando as hemácias e causando uma anemia bastante séria. A transmissão pode ocorrer também por via placentária, da mãe para o feto, por mordidas ou transfusão de sangue (PINTO et al., 2005 ).
É um parasita microscópico que invade os eritrócitos, causando sua destruição. E anemia causada por uma fixação de parasitas na superfície externa das hemácias e uma resposta imune por parte do hospedeiro (ROSA et al., 2008). A anemia é regenerativa, pois não causa dano à medula óssea, o que deve ser levado em conta na hora do diagnóstico (Urquhart, 1998; PINTO et al., 2005 ).
     Cerca de 1/3 dos gatos não tratados morrem da infecção. Os animais se tornam portadores para o resto da vida, mesmo se recuperando da doença. Em casos de comprometimento do sistema imunológico, por causa viral, stress ou administração de corticosteróide, a doença retorna (NORSWORTHY, 2004; ROSA et al., 2008 ).

2. Etiologia

   O  Mycoplasma spp.  são  micro-organismos de vida livre pequenos que não possuem uma  parede celular protetora e rígida e que dependem do meio ambiente para sua alimentação. Alguns Mycoplasma spp.  são considerados parte da microbiota normal das membranas mucosa (NELSON & COUTO, 2010).
   O Mycoplasma haemofelis é um organismo altamente pleomórfico, parasita obrigatório dos glóbulos vermelhos dos felinos domésticos, estando localizado na periferia destes, onde ocorre sua replicação (ALMOSNY, 2002; MIRANDA, 2006).
Haemobartonella  é uma bactéria pleomórfica que parasitam hemácias de várias espécies de animais domésticos. Esses microorganismos Gram-negativos são pequenos e não possuem parede celular. Eles se aderem frouxamente à superfície da membrana eritrocitária e, em várias espécies se desprendem facilmente, atingindo o plasma. (WILLS Y WOLF, 1993 Y ALMOSNY, 2002; MIRANDA, 2006).
    O Mycoplasma haemofelis é, de entre os micoplasmas felinos, o organismo mais virulento e com capacidade de provocar anemia hemolítica em gatos imunocompetentes. Este organismo apresenta pleomorfismo, podendo aparecer sob a  forma cocoide, de hastes, pequenos anéis ou em pequenas cadeias constituídas por três a seis organismos (Sykes, 2010c; LOPES, 2013).
Foram identificadas duas linhagens distintas de Haemobartonella felis: uma forma grande e relativamente patogênica e uma linhagem pequena, menos virulenta (Norsworthy, 2004; PINTO et al., 2005 ).

3. Epidemiologia

    Conhecem-se diversas dessas anemias hemolíticas parasitárias; aquela causada por Mycoplasma haemofelis, antigamente denominada de Haemobartonella felis, é conhecida também como Anemia Infecciosa Felina (AIF) (URQUHART, 1998; MIRANDA, 2006).
A AIF foi reconhecida pela primeira vez na África do Sul em 1942 (CHANDLER Y HILBERY, 1988; MIRANDA, 2006). Sua epidemiologia é pouco compreendida; a doença pode ocorrer em gatos de qualquer idade, porém é mais prevalente em animais mais jovens, sendo que em 50 % dos casos estão presentes na faixa etária compreendida entre um a três anos. Aparentemente os machos estão sob maior risco que as fêmeas; não há variação estacional (CHANDLER Y HILBERY, 1988; MIRANDA, 2006).
    A transmissão pode ocorrer através de carrapato ou pulga infectada que, através de picadas, inoculará o microorganismo no animal, infectando as hemácias e causando uma anemia bastante séria. A transmissão pode ocorrer também por via placentária, da mãe para o feto, por mordidas ou transfusão de sangue (FLINT et al., 1958; RIKIHISA et al., 1997; MIRANDA, 2006). A infeção iatrogénica pode ocorrer, tanto através de transfusões sanguíneas, a partir de sangue infetado (Willi et al., 2006ª; LOPES, 2013), como através do uso de inapropriado de material hospitalar (ex: instrumentos cirúrgicos) sem limpeza e desinfeção adequadas, principalmente se está presente grande contaminação de sangue e os procedimentos não forem espaçados no tempo (Tasker, 2010; LOPES, 2013).
      Em caso de comprometimento de seu sistema imunológico, seja por vírus ou estresse, a bactéria voltará a se manifestar. Caso isso ocorra, a doença não atingirá os mesmos índices, pois seu organismo já terá criado certa imunidade contra a bactéria (PINTO et al., 2005 ). Estes organismos são considerados oportunistas, apenas desencadeando doença clínica quando estão presentes fatores predisponentes (Giger, 2005; LOPES, 2013). Assim, os gatos positivos à infeção pelo FIV e vírus da leucemia felina (FeLV – feline leukemia vírus) apresentam maior predisposição à infeção. Alguns estudos referem uma associação entre a infeção por retrovírus e a hemoplasmose. Recentemente foi descrito que gatos infetados com M. haemofelis apresentam uma predisposição seis vezes superior à infeção pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV – feline immunodeficiency vírus), relativamente a gatos não infetados (Sykes et al., 2008; LOPES, 2013). A infeção por FIV está frequentemente associada a micoplasmose, uma vez que estes dois agentes podem ser transmitidos através das lutas entre gatos (dentadas e feridas) ou ainda devido ao efeito imunossupressor do FIV, que aumenta o risco de infeção secundária por Mycoplasma (George et al., 2002; LOPES, 2013).
      Embora o risco de transferência zoonotica seja mínimo, foi relata a transmissão de Mycoplasma spp. por ferimento de mordedura de um gato infectado para a mão de um ser humano. A maior das infecções por Mycoplasma spp. em cães e gatos são oportunistas e associadas a outras causas de inflamação; portanto, provavelmente o organismo não é contagioso por transmissão direta de um animal para o outro. No entanto o M. felis pode ser transmitido de gato para gato por secreção conjuntival (NELSON & COUTO, 2010).
O Mycoplasma spp. é susceptível aos desinfetantes de rotina e morrem rapidamente fora do hospedeiro (NELSON & COUTO, 2010).

4.Patogenia

      A patogenia da micoplasmose  pode ser dividida em diferentes etapas, que incluem a incubação do parasita, parasitemia aguda e recuperação clínica ou estado de portador (Harvey e Gaskin, 1977; LOPES, 2013).
A patogenia da hemobartonelose está em sua propriedade de determinar anemia hemolítica nos animais parasitados, o organismo parece penetrar ou erodir o eritrócito no seu ponto de adesão, podendo a anemia ocorrer por ação direta do parasita no eritrócito (SOUZA & ALMONNY, 2002; ROSA et al., 2008).
    O organismo parece penetrar ou erodir o eritrócito parcialmente no seu ponto de adesão. A anemia causada por Mycoplasma haemofelis pode ocorrer por ação direta do parasita no eritrócito (ALMOSNY, 2002; MIRANDA, 2006). A anemia decorrente da infeção resulta, predominantemente, de hemólise extravascular, que ocorre principalmente no baço e fígado, mas também nos pulmões e medula óssea (Tasker, 2010; LOPES, 2013).
    A fragilidade osmótica dos eritrócitos aumenta marcadamente após a aparição de Mycoplasma haemofelis e cresce continuamente mesmo quando os parasitos desaparecem dos eritrócitos. Estes parasitados devem ser seqüestrados pelo sistema retículo endotelial no baço ou outro órgão. O aumento dos eritrócitos danificados no sangue pode levar à produção de anticorpos anti-eritrocíticos e também a ocorrência de fagocitose pelos macrófagos (ALMOSNY, 2002 Y THRALL, 2006; MIRANDA, 2006).
    Quando as células parasitadas são identificadas como anormais pelo sistema imune, são removidas da circulação por eritrofagocitose extravascular no baço, fígado, pulmões e medula óssea (Norsworthy, 2004; PINTO et al., 2005).
     Os eritrócitos perdem a sua capacidade de deformação e ativam uma resposta imunitária, fazendo com que sejam rapidamente sequestrados e fagocitados no baço e outros órgãos. Os eritrócitos fagocitados poderão libertar os parasitas e entrar novamente na circulação sanguínea (Giger, 2005; LOPES, 2013). Através da ativação da resposta imunitária poderá haver a recuperação da doença, e os animais sobreviventes retomam os valores normais de hematócrito (ou adquirem valores próximos dos de referência) e os organismos deixam de ser visíveis em esfregaços sanguíneos (Sykes, 2010c; LOPES, 2013). No entanto, apesar desta recuperação, não se verifica a eliminação por completo da infeção e estes animais poderão permanecer infetados durante anos (estado de portador), com a evasão do organismo parasitário ao sistema imunitário do hospedeiro (Harvey e Gaskin, 1977, 1978; LOPES, 2013). Fatores como stresse, gestação, infeção intercorrente ou neoplasia podem contribuir para o agravamento da doença (Harvey e Gaskin, 1978; Berent et al., 1998; LOPES, 2013)
       A meia vida dos eritrócitos diminui de 8,5 a 9,0 dias em gatos normais para 4,2 a 4,4 dias em gatos infectados com o parasito. Os eritrócitos podem ser tão severamente danificados que sua meia vida fica prejudicada, mesmo quando os parasitos são removidos destes (ALMOSNY, 2002 Y THRALL, 2006; MIRANDA, 2006).

5. Sinais Clínicos

       A doença atinge idades variadas em gatos, e alguns dos seus sinais clínicos são: corrimento nasal, icterícias em todo corpo, diarréia, alopecia, depressão, aumento da temperatura corpórea, aumento da pressão ocular, redução do apetite, apatia e amarelamento das mucosas em geral, mais visivelmente dos olhos e boca (PINTO et al., 2005).
A gravidade da doença é variável, variando de infecção inapetente à depressão acentuada e morte (TILLEY &SMITH Jr, 2000; ROSA et al., 2008). As manifestações da anemia hemolítica aguda e crônica são: perda de peso, anorexia, depressão, membranas mucosas pálidas, fraqueza, febre ou hipotermia (animal chocado), dores articulares, hiperestesia e, ocasionalmente, esplenomegalia (especialmente em cães) e membranas mucosas ictéricas, podendo o animal vir a óbito em casos graves. Porém, os animais geralmente apresentam-se alertas e moderadamente ativos, mesmo com anemia ou febre, aparentando apenas sinais de depressão (SOUZA & ALMONNY, 2002; ROSA et al., 2008).
      A anemia só será mais grave se estiverem infectados pelo vírus da leucemia felina (VLF) (TILLEY & SMITH Jr, 2000; ROSA et al., 2008).

6 Diagnóstico

  O exame mais utilizado para confirmação do diagnóstico de Haemobatonella felis é o hemograma. O diagnóstico geralmente é feito através dos sintomas apresentados pela história dos hábitos do animal, além de exames laboratoriais sangüíneos que detectam anormalidades nas células do sangue e a presença dos microorganismos responsáveis pela doença (Andrade, 2002; Spinosa, et al., 2002; PINTO et al., 2005). Os exames se baseiam em primário e auxiliar. O primário é composto por:
·         Hemograma: volume globular (VG), contagem de eritrócitos e hemoglobina estão abaixo do normal (anemia). Fica evidenciada significativa resposta de medula óssea pela policromasia, anisocitose e presença de corpos de Howell-Jolly. H. Felis é observada nos eritrócitos como pequenos cocos que se coram de azul.
·          Contagem de Reticulócitos: fica substancialmente aumentada, a menos que tenha sido feita imediatamente após uma queda abrupta no volume globular, ou se existe, concomitantemente, alguma doença supressora da medula óssea. Depois da hemólise, deverão transcorrer 4 a 6 dias para que aumente a contagem de reticulócitos.
·          Teste de PCR: alguns laboratórios fazem esse teste mais sensível que a observação do esfregaço sanguíneo corado (PINTO et al., 2005) .
E o auxiliar é composto por:
·          Teste de Coombs: comumente esse teste é positivo, mas não representa verdadeira auto-imunidade. A anemia hemolítica auto-imune é rara em gatos, portanto, é mais provável que um teste de Coombs positivo em um gato com anemia regenerativa represente hemobartonelose.
·          Teste de Antígeno de VLF: cerca de metade de todos os gatos com hemobartonelose clínica são positivos para VLF. Embora se saiba que a VLF suprime a imunidade e predispõe gatos a diversas doenças infecciosas, o oposto também pode ser verdade. Estudos experimentais demonstraram que hemobartonelose pode predispor gatos a infecção por VLF.
·         Perfil de bioquímica sérica: comumente, os valores são normais, exceto por uma elevação na bilirrubina total (Norsworthy, 2004; PINTO et al., 2005). Nos casos graves, os níveis de hemoglobina diminuem significativamente (Jones, 2000; PINTO et al., 2005).
    A colheita do sangue de um vaso da margem da orelha, realizando esfregaços sangüíneos finos imediatamente com o sangue que não tenha sido colocado em anticoagulante, ou a colheita do sangue dentro de uma seringa heparinizada podem auxiliar no achado de Haemobartonella (Nelson e Couto, 1998; PINTO et al., 2005).
  O sangue obtido deverá ser não coagulado, podendo ser utilizados, para este efeito, anticoagulantes como a heparina e o EDTA. No entanto, devem ser evitadas elevadas concentrações deste último, na medida em que estas promovem o destacamento dos organismos parasitários dos eritrócitos (Alleman et al., 1999; LOPES, 2013).
São realizados esfregaços sangüíneos com corante de Giemsa filtrado ou de Wright. A identificação é difícil, apresentando cocos com bastonetes curtos na superfície das hemáceas. Estes se fixam firmemente e raramente ficam livres no plasma (Andrade, 2002; Spinosa, et al., 2002; PINTO et al., 2005).
    O M. haemofelis deverá também ser diferenciado de outras inclusões eritrocíticas, como os corpos de Howell-Jolly e corpos de Pappenheimer. Os primeiros consistem em remanescentes nucleares eritrocíticos e os segundos em acumulações de ferro (Tasker e Lappin, 2002; LOPES, 2013).
Quando um gato está com anemia não regenerativa deve ser buscada alguma causa da doença de medula óssea; é indicado o aspirado ou a biopsia de medula óssea (Norsworthy, 2004; PINTO et al., 2005).


7.Tratamento

      Quando se trata de dar início ao tratamento, em caso de infeção por Mycoplasma spp., vários aspetos deverão ser tidos em conta. Primeiramente há que ter em atenção que a infeção poderá estar presente em gatos portadores aparentemente saudáveis e, em segundo lugar, ter presente que um tratamento à base de antibióticos não é eficaz na eliminação total da infeção. Deste modo, a implementação do tratamento médico não terá como resultado a “clearance” da infeção, mas a redução do número de organismos parasitários do sangue, proporcionando uma melhoria das manifestações clínicas e irregularidades hematológicas, incluindo a anemia (Dowers et al., 2002 Tasker et al., 2004; Tasker et al., 2006a, 2006b; LOPES, 2013).
      O Tratamento ambulatorial, a menos que o animal fique gravemente anêmico ou  moribundo. Exigem-se transfusões sanguíneas quando a anemia for considerada como risco de vida. Em animais moribundos, recomenda-se uma administração IV de um fluido que contenha glicose (TILLEY & SMITH Jr, 2000; ROSA et al., 2008 ). O tratamento constitui-se de antibioticoterapia com doxiciclina (5mg/kg,VO,cada 12 horas), tetraciclinas (20mg/kg,VO,cada 8horas), ou oxitetraciclina (20mg/kg,VO,cada 8horas) por três semanas. Podem-se administrar glicocorticóides (predinisolona, 1-2mg/kg, VO, cada 12horas) para animais (ROSA et al., 2008).
Outro protocolo proposto para o tratamento se constituiu: Tetraciclina (40 mg, 1 cápsula a cada 8 horas, 60 cápsulas , antibiótico de amplo espectro de ação, ativos contra bactérias gram-positivas e gram-negativas); Complexo B ((polivitamínico) 20 ml, 2 gotas a cada 2 horas – via oral. Possui ação fortificante e neurotônica que aumenta o tônus muscular e estimula o sistema circulatório. Indicado nos casos de fraqueza, perda de apetite, doenças infecciosas ou parasitárias); Profenid ((cetoprofeno) 200 ml, 2 gotas a cada 12 horas. Potente analgésico no alívio de inflamações e dores musculares); Meticortem ((prednisona) 5 mg, ¼ a cada 12 horas. Possui potente ação antiinflamatória, anti-reumática e antialérgica no tratamento de distúrbio que respondem a corticosteroides)(MIRANDA, 2006).
         Devido ao mecanismo imunomediado envolvido na infeção, o tratamento com corticosteroides é recomendado. No entanto, como refere S. Tasker, este só deverá ser utilizado nos casos de anemia severa, nos não responsivos à antibioterapia ou naqueles em que há a possibilidade de o Mycoplasma não ser a causa subjacente à anemia (Tasker, 2010; LOPES, 2013)
Os animais gravemente afetados podem morrer com evidência de uma anemia hemolítica grave; outros podem se recuperar, com ou sem tratamento; e ainda outros sofrem recidivas e terminam morrendo em seguida a uma enfermidade prolongada (BISTER Y FORD, 1996 Y JONES, 2000; MIRANDA, 2006).


8. Prognóstico

    O prognóstico para hemobartonelose geralmente é bom se a crise anêmica puder ser rapidamente revertida; mas alguns gatos sofrem anemias fatais em decorrência de baixíssimos volumes globulares. O estado de portador que frequentemente ocorre deixa o gato susceptível a recidiva. Esse gato não deve servir como doador de sangue, mas é considerado como não contagioso para outros gatos, mesmo no estado portador (PINTO et al., 2005).
    Os animais gravemente afetados podem morrer com evidência de uma anemia hemolítica grave; outros podem se recuperar, com ou sem tratamento; e ainda outros sofrem recidivas e terminam morrendo em seguida a uma enfermidade prolongada (Jones, 2000; PINTO et al., 2005).Depois da recuperação de uma infecção muitos felinos se tornam hospedeiros desenvolvendo um estado crônico da infecção (Splitter et al., 1956; JUNIOR; 2006).


9.Profilaxia

   A adoção de medidas de prevenção torna-se de difícil execução, na medida em que a epidemiologia da doença é ainda pouco conhecida. Procedendo à avaliação do modo de transmissão e fatores de risco associados, é prudente a eliminação da exposição a vetores artrópodes hematófagos, com o controlo regular das pulgas, assim como a prevenção das lutas e contacto entre gatos de interior e de exterior. Para além disso, deverão ser testados todos os gatos passíveis de serem dadores de sangue, e excluídos, destes programas, os que apresentam resultados positivos a PCR de Mycoplasma, (Tasker e Lappin, 2006; LOPES, 2013).

10.  Considerações Finais

     A Mycoplasmose felina ou também chamada de Anemia infecciosa felina (AIF), é uma doença  que acomete principalmente gatos jovens, sendo transmitida por pulgas e carrapatos infectados , por via placentária, da mãe para o feto, por mordidas, transfusão de sangue ou ainda por material infectado.
     O animal apresenta anemia severa na maioria dos casos, podendo levar a morte se não tratado no início dos sinais. O tratamento não elimina o agente do animal, apenas diminui sua população, proporcionando uma melhoria das manifestações clínicas e irregularidades hematológicas, incluindo a anemia; sendo assim o gato se encontra portador do M. haemofelis por toda vida, tendo reincididas quando há baixa de sua imunidade.
       Evitar o acesso dos gatos a rua é o melhor método de prevenção contra essa doença, já que assim se evita brigas com outros animais infectados e também diminui a exposição a pulgas e carrapatos. 

Referências Bibliográficas

JÚNIOR A.V.R. Retroviroses, Toxoplasma gondii  e Mycoplasma haemofelis em gatos errantes e felinos selvagens do zoológico de Belo Horizonte-MG. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte Escola de Veterinária – UFMG, 2006.
LOPES L.C. Hemoparasitoses em animais de companhia: erliquiose, babesiose e micoplasmose estudo de casos clínicos. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Vila Real, 2013.
MIRANDA C.F. Prevalência de Mycoplasma haemofelis (Haemobartonella felis) em gatos domésticos (Felis Catus LINNAES, 1759) na região metropolitana de Belém. Curso de pós – graduação de clínica médica em pequenos Animais. Belém, julho, 2008.
PINTO E.A.T., SALVARANI R.S., SANTOS G.J., MOÇO H.F., Hemobartonelose em gatos: revisão de literatura. Anais da III sepavet – semana de patologia veterinária – e do II simpósio de patologia veterinária do Centro Oeste Paulista ,FAMED– faculdade de medicina veterinária da FAEF, 2005.

ROSA, B.R.T.,AVANTE, M. L.,BENEDETTE, M. F.,FERREIRA, M. M. G.,MARTINS, I.S.,ZAGIROLAMI FILHO, D. Hemobartonelose em gatos. Revista científica eletônica de medicina veterinária – ISSN: 1679-7353 ano VI – número 10 – janeiro de 2008 .
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4 comentários:

  1. não percebi se a doença é contagiosa para os humanos

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  2. Em casos terminais o gato começa a ter crises convulsivas e entrar em choque. Nesse ponto não há mais cura e a indicação é a eutanásia para evitar o sofrimento do animal é do seu dono.

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  3. Excelente artigo. Apenas uma questão: a minha gata, a propósito de um primeiro episódio de ANTICORPOS ANTI-HAEMOBARTONELLA positivo, apenas foi medicada com DOXICICLINA. Pelo que vejo no vosso artigo, está "pouco medicada", correcto?

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